Observação importante

O objetivo do Blog não é acusar ou perseguir compositores, tampouco os intérpretes das músicas aqui analisadas. O objetivo é avaliar que tipo de afirmações estão sendo proferidas em nossos púlpitos e lares cristãos, seguindo a linha de raciocínio dos crentes bereanos (Atos 17:11) e os conselhos de Paulo (1 Ts 5.21; Hb 13.9) e João (1 João 4.1). Todas as análises são de responsabilidade de seus autores e críticas são bem vindas, desde que não venham acompanhadas de ofensas, mas de paz. Se desejar, leia aqui um artigo sobre algumas considerações sobre música e culto.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Música: Enquanto eu chorava (Fernanda Brum)


Letra:

Quanto eu chorei derramado
Aos Teus pés
Quanto eu clamei meu Senhor
Na adoração que eu fazia
Em meio à dor
O Teu coração me ouviu

Muitos não entendiam
A razão de eu insistir assim
É porque eu sentia que Deus de mim cuidava
E em mim gerava um sonho bom
Bem maior

Quando eu chorava
E me derramava
Deus livrou-me da amargura
E liberou o milagre
Alta madrugada
Fui agraciada
Eu vi Tua mão agir
Teu zelo e Teu amor por mim

Aprendi que tudo belo Tu fazes em seu tempo
Toda afronta e humilhação
Não se comparam com a glória que há de ser revelada a mim

Análise:

Esta música trata-se de um testemunho do socorro de Deus a seus filhos, e como tal se atém a descrever a experiência pessoal da pessoa socorrida.

Porém, diferente de canções como “Ziguezagueando”, onde seus defensores afirmam se tratar também de um testemunho pessoal (vide comentários), esta música não foge dos conceitos bíblicos, afirmando fatos desconexos da Palavra de Deus como o faz aquela.

A idéia central, pelos menos a que, pessoalmente, identifiquei, refere-se ao fato de ser essencial permanecer adorando e suplicando a Deus, mesmo quando estamos passando por momentos dificeis. A expressão “Na adoração que eu fazia, Em meio à dor” retrata bem isso, e em seguida a canção nos mostra que a consequência de tais atitudes é “O Teu coração me ouviu”, perfeitamente em harmonia com o que a bíblia fala sobre este assunto:

"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia". (Sl 46:1)

"A ele clamei com a minha boca, e ele foi exaltado pela minha língua. Se eu tivesse guardado iniqüidade no meu coração, o Senhor não me teria ouvido; mas, na verdade, Deus me ouviu; tem atendido à voz da minha oração". (Sl 66:17-19)
Outra passagem que me chamou atenção foi a última estrofe, onde o compositor não nega que seja possível passarmos por “afronta e humilhação”, assim como passaram grandes homens de Deus na história, em especial os Apóstolos, mas que, embora isso aconteça, nada pode ser comparado ao que Jesus tem preparado para nós, pois nem a morte poderá nos separar deste tão grande amor. Esse entendimento é perfeitamente cristão, defendido pelo Evangelho:

"Quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, (...) Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; (...) Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou". (Rm 8.35-37)

"Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam". (1Co 2.9)
O meu entendimento passa por esta questão, nossas músicas e pregações devem expressar verdades bíblicas, independentemente da função que o compositor/pregador pretende para elas, assim como acontece com esta canção.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Música: Última Chance (Ministério Ipiranga)

*Pedido de Junior Melo (Via Blog)

Letra:

Uma chance igual a essa
Talvez eu não tenha mais
Quero estar em Tua presença,
Nem que seja a última vez
Se tiver que gritar, eu gritarei
Se tiver que chorar, eu chorarei
Se tiver que humilhar o meu espírito
Assim o farei, me dá mais uma chance

Eu quero nascer do Teu Espírito
Eu quero matar a minha carne
Fazer Tua vontade, doce Espírito
Que a minha vida seja Tua vida,
Jesus...


Análise:

Se esta música se resumisse apenas ao refrão seria, com certeza, uma das mais belas compostas por esta geração. E falo isso de forma geral, pois tanto a melodia, quanto a harmonia e a letra desta seção são excelentes.

Tudo o que a Igreja precisa pode ser resumida com estas frases. Precisamos nascer de Deus (João 1:13), mortificar nossa carne negando a nós mesmos (Romanos 8:13 e Mateus 16:24), fazer a vontade de Deus (Mateus 7:21) e sermos seus servos (Romanos 6:22), pertencentes a Cristo (I Pedro 2:9). Tudo aqui é perfeito, mas infelizmente ela não se limita apenas ao refrão.

Mesmo acreditando que a intenção do compositor não foi apresentar um Cristo diferente daquele revelado na Escrituras, a primeira parte da canção comete este grave erro.

Deus nos ama independentemente de qualquer coisa que façamos. Ele nos ama ao ponto de entregar seu filho  Unigênito ao sofrimento e à morte de cruz, para que pudéssemos ser salvos e, para que isso aconteça, temos não apenas uma ou duas, mas todas as chances que precisarmos, pois o amor de Deus não encontra barreiras ou impedimentos para ser derramado sobre nós, assim como o seu perdão.

Não existe última vez quando a questão envolve o amor e o perdão de Deus. E para ser alcançado por Ele eu não preciso fazer nada, pois é através da graça dEle que recebo todas as chances necessárias. Sem gritos ou choros, apenas arrependimento. Isso é suficiente ao homem. É muito estranho falar em chances para minha vida com Deus, principalmente a “última chance”.

O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se”. (II Pedro 3:9)
Em face de minha decisão de ser ortodoxo em minhas análises, sou obrigado a reprovar esta canção, mas reafirmo, praticando o ensino de Paulo quanto à retenção das coisas boas que nos cercam (I Tessalonicenses 5:21), que este refrão é o que falta na maioria de nossas canções e pregações e suas afirmações devem ser tomadas como padrão para nossas vidas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Música: Deus de Promessas (Toque no Altar)


Letra:

Sei que os Teus olhos
Sempre atentos permanecem em mim
E os Teus ouvidos
Estão sensíveis para ouvir meu clamor
Posso até chorar...
Mas a alegria vem de manhã
És Deus de perto e não de longe
Nunca mudastes, Tu és fiel

Deus de aliança, Deus de promessas
Deus que não é homem pra mentir
Tudo pode passar, tudo pode mudar
Mas Tua palavra vai se cumprir

Posso enfrentar o que for
Eu sei quem luta por mim
Seus planos não podem ser frustados
Minha esperança está
Nas mãos do grande Eu sou
Meus olhos vão ver o impossível
Acontecer...


Análise:

À primeira vista, esta música nos parece especial. Linda melodia, várias frases com teor bíblico, mas tudo para por ai.

Numa análise um pouquinho mais densa da letra podemos perceber claramente, mais uma vez, o egocentrismo presente em seu contexto geral. Tudo aqui gira em torno de supostas promessas que devem se cumprir em minha vida, abandonando novamente a adoração em favor da conquista pessoal.

O problema nesse tipo de música não está relacionado no fato de Deus nos abençoar ou não, mas na ênfase no “eu”, no “meu”, quando nosso destaque deveria ser somente Cristo.

Em favor desse egocentrismo, a canção parafraseia alguns textos bíblicos (fora de contexto) e lança algumas falácias comuns no meio gospel com a aparente intenção de agradar o ouvinte (quem não gostaria de ouvir “meus olhos vão ver o impossível acontecer”?).

O intento de falar coisas agradáveis é tamanho que o autor resolve afirmar fatos inverídicos, em desarmonia com o que o próprio Deus outrora havia dito. Considere a frase:

“És Deus de perto e não de longe”
Analise-a de acordo com o seguinte texto bíblico:
“Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe”? (Jeremias 23.23)
Concorda que ambos estão em desacordo? Note este outro texto bíblico:

"Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito." (Isaias 57:15)

Isaías nos esclarece este conceito. Deus habita no Reino dos céus, mas também no coração do homem sincero em amá-lo. É Deus de perto, o Deus conosco, Emanuel, e é Deus de longe também, o Criador, Rei dos reis, sobre quem repousa toda a Glória, Honra e Poder.

Repito o que afirmei em outras oportunidades: precisamos de músicas, pregações e de uma vida inteira direcionada pela Palavra de Deus e em total harmonia com ela, o que estiver fora disso deve ser lançado fora.


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