Letra:
Alegrai-vos, filhos de Sião
Regozijai-vos no senhor
Porque ele vos dará,
Em justa medida, a chuva... a chuva
A chuva... a chuva
As eiras se encherão de trigo
E os lagares transbordarão
De óleo e vinho
Restituirei os anos
Que foram consumidos
E lhes mostrarei
A minha salvação
E sabereis que
O melhor de deus ainda está por vir
Análise de Ruy Cavalcante:
Acredito que a maioria dos cristãos (sinceramente eu gostaria que fosse verdade) reconhece que a letra desta canção, à
exceção do refrão, trata-se de uma paráfrase de trechos do capítulo 2 do livro
do profeta Joel.
Dessa forma vou direto ao assunto.
Sem entrar em considerações escatológicas, o tema
geral desta passagem é o arrependimento. Deus anuncia juízo sobre o povo (Jl
2:1-11), chama-os ao arrependimento prometendo poupá-los da destruição (Jl
2:12-17) e finalmente anuncia várias bênçãos no caso de eles se voltarem
totalmente a Deus (Jl 2:18-27).
É bem claro que estas promessas são
referentes à antiga aliança, terrenas, vinculadas a obras humanas, como quase
tudo nela. Isso já seria suficiente para percebermos que não se pode
simplesmente “tomar posse” dessa promessa, como se ela fosse estendida ipsis litteris à Igreja, como claramente
tenta fazer esta canção.
Ainda que fosse possível afirmar que esta
promessa é também para a Igreja da Nova Aliança (não é), a mesma não poderia de
forma alguma estar divorciada do tema em que foi proclamada. O povo estava
desviado, perdido e as bênçãos seriam para o caso de se arrependerem
verdadeiramente (Jl 2:12-13), voltando a viver em conformidade com a Lei de
Deus.
Mas não há nada na canção que nos remeta a
isso, há?
Está canção é mais uma prova de que é
possível ensinar o erro e proclamar heresias usando o texto bíblico, bastando
para isso subtrair verdades nele contidas. A ênfase na “chuva” deixa clara a
intenção triunfalista da música, inferindo vitórias na vida do cristão
simplesmente por ser cristão e estar “adorando”.
“Mas o pior ainda está por vir”.
Ironicamente, o maior erro da canção é
justamente o seu clímax. Ora, ao encerrar a canção com a frase “O melhor de
Deus ainda está por vir”, claramente tenta-se atrelar a primazia das obras de
Deus a bênçãos terrenas.
Isso é um absurdo!
O melhor de Deus é Jesus! Antes era Jesus,
agora é Jesus, e amanhã continuará sendo Jesus!
Jesus é a razão de tudo! Sem Ele não há
sequer vida. Sem Jesus só nos restaria uma única expectativa: A morte!
De qualquer maneira que se tente interpretar
este refrão, cairemos em contradição e erro, especialmente no contexto em que
ela é dita, sem contar o fato de que esta frase não está presente no texto de
Joel, constituindo-se apenas numa adição do compositor, o que não me deixa
dúvidas quanto a péssima mensagem que ela carrega.