Observação importante

O objetivo do Blog não é acusar ou perseguir compositores, tampouco os intérpretes das músicas aqui analisadas. O objetivo é avaliar que tipo de afirmações estão sendo proferidas em nossos púlpitos e lares cristãos, seguindo a linha de raciocínio dos crentes bereanos (Atos 17:11) e os conselhos de Paulo (1 Ts 5.21; Hb 13.9) e João (1 João 4.1). Todas as análises são de responsabilidade de seus autores e críticas são bem vindas, desde que não venham acompanhadas de ofensas, mas de paz. Se desejar, leia aqui um artigo sobre algumas considerações sobre música e culto.

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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Música: Raridade (Anderson Freire)




*Pedido de Wilson Barros (Via WhatsApp)


Letra:

Não consigo ir além do teu olhar
Tudo o que eu consigo é imaginar
A riqueza que existe dentro de você

O ouro eu consigo só admirar
Mas te olhando eu posso a Deus adorar
Sua alma é um bem que nunca envelhecerá

O pecado não consegue esconder
A marca de Jesus que existe em você
O que você fez ou deixou de fazer
Não mudou o início, Deus escolheu você
Sua raridade não está naquilo que você possui
Ou que sabe fazer
Isso é mistério de Deus com Você

Você é um espelho que reflete a imagem do Senhor
Não chore se o mundo ainda não notou
Já é o bastante Deus reconhecer o seu valor
Você é precioso, mais raro que o ouro puro de ofir
Se você desistiu, Deus não vai desistir
Ele está aqui pra te levantar se o mundo te fizer cair


***
Eu estava evitando fazer esta análise há algum tempo. Primeiro porque já existem várias disponíveis na internet, e em segundo lugar porque fazer a análise de uma canção, enquanto ela está em seu auge de execução, é pedir para ouvir ofensas e ameaças, o que infelizmente é comum em nossa geração de crentes, fracos e sem domínio próprio. Aqui mesmo no Intervalo Cristão já recebi todo o tipo de ofensa/ameaça/“maldição”.

Bom, mas o auge parece ter ficado para trás, e alguns irmãos continuam me pedindo para lhes dar a minha opinião sobre a mesma. Esta análise é a edição de uma resposta que dei a um destes irmãos. Segue abaixo.


Análise:

A questão da música “raridade” não é simplesmente alguma frase herética presente na canção, mas a cosmovisão deturpada do sentimento experimentado pelo verdadeiro cristão. Esta canção apresenta o pecador como alguém muito especial, uma raridade, de quem Deus jamais desistirá, e a maneira como isso é apresentado torna flagrante o distanciamento da obra redentora de Cristo. Vou explicar essa deturpação utilizando o inicio do “Sermão do “Monte”, no capitulo 5 de Mateus.

Nos versos 3 e 4 Jesus diz:

"Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados”.

Não vou expor toda a pesquisa exegética sobre o texto (aos que desejarem, uma obra exegética e bastante completa do sermão do monte é o livro “Estudos no Sermão do Monte”, de Martyn Lloyd Jones), mas apresentarei o significado, o qual vocês podem depois averiguar.

A expressão “pobres de espírito” ou “humildes de espírito” (de acordo com a tradução) é sinônima de outra expressão, muito utilizada especialmente no AT, a saber, “coração quebrantado”. Não se trata da pessoa que anda humildemente sem ostentação, ou que é bem educada, ou algo do tipo, embora estas sejam boas qualidades, antes esta expressão se refere àquele que, ao ter um vislumbre de Deus, ainda que uma pequenina porção de compreensão de quem Ele realmente é, percebe o quanto seu próprio ser é impuro, imperfeito, pecador, pobre, cego e nu. Este indivíduo então reconhece que não é nada, que está perdido, que não possui nenhum valor em si que o torne agradável a Deus.

Esse sentimento pode ser percebido em grandes personagens bíblicos, como por exemplo, Isaías. 

O profeta Isaías era um homem integro, justo, profeta reconhecido por todo Israel, um homem respeitado pela sua probidade. É dito no capitulo 6 de seu livro que o mesmo Isaias teve uma visão de Deus em seu trono, servido pelos anjos, os quais proclamavam em voz estridente a seguinte expressão: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos, toda terra está cheia da Sua Glória!”. 

Ao ver esta cena, ele que era um homem humanamente cheio de qualidades, diz: Ai de mim! Estou perdido!

Ao ver Deus em seu trono, ao ter um vislumbre de sua Glória e reconhecer quem Deus realmente é, ele percebe que na verdade não passa de um pobre pecador, impuro, de lábios impuros e que seu povo também não era nada diante de tão perfeito Deus.

Ou seja, naquele momento Isaías teve finalmente seu coração totalmente quebrantado, ele se torna um pobre de espírito, o qual herdará o reino de Deus.

Jesus em seguida fala dos que choram, e este versículo, assim como todos os outros desta seção, é complementar, não estando, portanto separado do anterior. Assim, ao se reconhecer como decaído da graça, nada precioso mas sim imundo pecador, o profeta se desespera. Algo semelhante acontece no capitulo 8 de Neemias, quando o profeta conclama o povo a estudar a lei, homens e mulheres e todos que pudessem compreender. Então, ao perceberem o quanto estavam fora do conselho de Deus, perdidos e reprovados, todo o povo todo chora.

Eles foram quebrantados pela verdade, apresentados como diante de um espelho à sua situação de calamidade diante de Deus. Isaías se desespera, o povo de Neemias se desespera.

Mas eles, enfim, são consolados pela misericórdia de Deus, Cristo recebeu sobre si a condenação de todos estes pobres pecadores.

Cristo é a consolação do que choram! Dos que perceberam sua calamidade! Dos que sabem que não são uma raridade preciosa, mas sim perdidos pecadores!

A estes se refere o Evangelho, essa é a cosmovisão cristã, e esta canção deturpa esta mensagem imutável do Evangelho, tornando pecadores em seres altivos, cheios de si, sentindo-se importantes e valorosos, quando na verdade estão totalmente fora da Graça de Deus, carentes de redenção, debaixo da ira de Deus e assim permanecerão caso o sangue de Cristo não os purifique. O que eles precisam é reconhecer sua calamidade, não sentirem-se agraciados enquanto seu verdadeiro estado é de podridão. 


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Música: O Melhor de Deus Está Por Vir (Kleber Lucas)





Letra:

Alegrai-vos, filhos de Sião
Regozijai-vos no senhor
Porque ele vos dará,
Em justa medida, a chuva... a chuva
A chuva... a chuva

As eiras se encherão de trigo
E os lagares transbordarão
De óleo e vinho

Restituirei os anos
Que foram consumidos
E lhes mostrarei
A minha salvação
E sabereis que

O melhor de deus ainda está por vir


Análise de Ruy Cavalcante:

Acredito que a maioria dos cristãos (sinceramente eu gostaria que fosse verdade) reconhece que a letra desta canção, à exceção do refrão, trata-se de uma paráfrase de trechos do capítulo 2 do livro do profeta Joel.

Dessa forma vou direto ao assunto.

Sem entrar em considerações escatológicas, o tema geral desta passagem é o arrependimento. Deus anuncia juízo sobre o povo (Jl 2:1-11), chama-os ao arrependimento prometendo poupá-los da destruição (Jl 2:12-17) e finalmente anuncia várias bênçãos no caso de eles se voltarem totalmente a Deus (Jl 2:18-27).

É bem claro que estas promessas são referentes à antiga aliança, terrenas, vinculadas a obras humanas, como quase tudo nela. Isso já seria suficiente para percebermos que não se pode simplesmente “tomar posse” dessa promessa, como se ela fosse estendida ipsis litteris à Igreja, como claramente tenta fazer esta canção.

Ainda que fosse possível afirmar que esta promessa é também para a Igreja da Nova Aliança (não é), a mesma não poderia de forma alguma estar divorciada do tema em que foi proclamada. O povo estava desviado, perdido e as bênçãos seriam para o caso de se arrependerem verdadeiramente (Jl 2:12-13), voltando a viver em conformidade com a Lei de Deus.

Mas não há nada na canção que nos remeta a isso, há?

Está canção é mais uma prova de que é possível ensinar o erro e proclamar heresias usando o texto bíblico, bastando para isso subtrair verdades nele contidas. A ênfase na “chuva” deixa clara a intenção triunfalista da música, inferindo vitórias na vida do cristão simplesmente por ser cristão e estar “adorando”.

“Mas o pior ainda está por vir”.

Ironicamente, o maior erro da canção é justamente o seu clímax. Ora, ao encerrar a canção com a frase “O melhor de Deus ainda está por vir”, claramente tenta-se atrelar a primazia das obras de Deus a bênçãos terrenas.

Isso é um absurdo!

O melhor de Deus é Jesus! Antes era Jesus, agora é Jesus, e amanhã continuará sendo Jesus!

Jesus é a razão de tudo! Sem Ele não há sequer vida. Sem Jesus só nos restaria uma única expectativa: A morte!

De qualquer maneira que se tente interpretar este refrão, cairemos em contradição e erro, especialmente no contexto em que ela é dita, sem contar o fato de que esta frase não está presente no texto de Joel, constituindo-se apenas numa adição do compositor, o que não me deixa dúvidas quanto a péssima mensagem que ela carrega.


domingo, 18 de março de 2012

Música: Nação de vencedores (Ricardo Leitte)


Letra:

Faço parte da nação
Da nação dos vencedores
Nação escolhida,e ungida que Deus
Separou pra honrar
Eu não vou temer a nada
Ao meu Deus vou consultar
Vou fazer como Davi,
Perseguir,Guerrear
Só voltar com a vitória

Eu vou, eu vou prosperar
Eu vou arrebentar
Tudo que eu quero eu vou conquistar
O nome de Jesus eu vou glorificar

Tudo que ligarmos aqui
Lá no céu ligado será
Deus eu ligo aqui agora
Minha casa, minha empresa,
A fartura em minha mesa,
Meu carro importado,
Casamento abençoado,
Só pra Te glorificar.


Análise:


Este tipo de canção mostra bem o "estilo" de evangelho que muitos de nós temos buscado. Um tipo de evangelho absolutamente focado em mim mesmo, em minhas conquistas e desejos pessoais, em minha busca por satisfação e poder.

Sinceramente eu não entendo como um servo em Cristo impetra cantar algo assim sem sentir-se mal consigo mesmo. Pode parecer que faço aqui um julgamento pessoal, mas não, faço sim um julgamento de valor, valor do Evangelho de Cristo, pois a vitória deste está inserida em outro contexto, assim como suas bases se solidificam em outros valores.

Eu não costumo usar a nomenclatura “hino” para canções cristãs, mas essa é com certeza um dos hinos da “gospelândia”. Neste mundo particular de boa parte dos crentes, Jesus subiu numa cruz para que eu fosse prospero, realizasse meus sonhos pessoais e tivesse experiências sobrenaturais.

No Evangelho genuíno de Cristo as coisas são bem diferentes. Jesus foi crucificado para que eu não recebesse a justa condenação por meus pecados, para que eu escapasse da condenação eterna e alcançasse a amizade de Deus. Nada pode ter mais valor para o ser humano do que isso.
Falar de carro importado, empresa abençoada e dizer que assim glorificamos a Jesus é uma verdadeira afronta contra nossos irmãos que escreveram com sangue a história do cristianismo, permitindo que hoje eu e você tivéssemos liberdade de culto a Deus. Eles sabem o que significa glorificar a Deus na prática!
A grande marca e sinal do Evangelho foi e sempre será o sangue, a morte e a cruz (Mt 16:4).
O sofrimento e o sangue derramado de Cristo nos trazem à paz com Deus, e o sangue dos mártires atestam e confirmam o caminho da cruz. Nossa vitória é Cristo e não um carro importando, mesmo que a morte e tortura seja o destino daqueles que professam seu nome. Mesmo morrendo, viveremos, lembram?

Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. (Jo 11:25)

E vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus. Quando a vi, maravilhei-me com grande admiração”. (Ap 17:6)

O evangelho das vitórias temporais, do triunfalismo e da prosperidade é absurdamente raso, inútil, impuro e falso!
Ele não tem poder algum para transformar corações, restaurar famílias e nos aproximar de Deus, antes nos coloca num universo de falsa espiritualidade, com aparência de piedade e de unção divina, causando a morte daqueles que não conseguem se libertar dele.
Fujam dele irmãos. Servir a Jesus nunca foi tão glamoroso como tentam nos pintar hoje em dia, pois ele exige renúncia e isso gera conflitos e perseguições.

Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me”. (Lc 9:23)

Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim”. (Mt 10:34-38)

E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições”. (II Tm 3:12)

A benção de Deus existe sobre nossas vidas, mas a coisa não é por ai.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Música: Sabor de Mel (Damares)

*Pedido de Weverton (Via Blog)

Letra:

O agir de Deus é lindo
Na vida de quem é fiel
No começo tem provas amargas
Mas no fim tem o sabor do mel
Eu nunca vi um escolhido sem resposta
Porque em tudo Deus lhe mostra uma solução
Até nas cinzas ele clama e Deus atende
Lhe protege
Lhe defende
com as suas fortes mãos
Você é um escolhido
E a tua história não acaba aqui
Você pode estar chorando agora
Mas amanhã você irá sorrir.

Deus vai te levantar das cinzas e do pó
Deus vai cumprir tudo que tem te prometido
Você vai ver a mão de Deus te exaltar
Quem te vê há de falar
Ele é mesmo escolhido.

Vão dizer que você nasceu pra vencer
Que já sabiam porque você
Tinha mesmo cara de vencedor
E que se Deus quer agir ninguém pode impedir
Então você verá cumprir cada palavra
Que o Senhor falou,

Quem te viu passar na prova
E não te ajudou
Quando ver você na benção
Vão se arrepender
Vai estar entre a platéia
E você no palco
Vai olhar e ver
Jesus brilhando em você
Quem sabe no teu pensamento
Você vai dizer
Meu Deus como vale a pena
A gente ser fiel
Na verdade a minha prova
Tinha um gosto amargo
Mas minha vitória hoje
Tem sabor de mel.

Tem sabor de mel
Tem sabor de mel
A minha vitória hoje
Tem sabor de mel.


Análise:

Não é por acaso que esta canção se tornou o novo hit gospel do momento, pois ela trata exatamente do que boa parte da igreja evangélica busca hoje em dia. Não, não estou falando de Jesus, santidade ou cruz e sim de vitória e conquista. Eis o segredo para quem deseja o sucesso no meio gospel ultimamente.

O motivo da crítica não é pela suposição de que as “vitórias” não estão nos planos de Deus para nossas vidas, mas que nem de longe este fato trata-se da ênfase do Evangelho de Cristo. O evangelho realça a cruz, a renúncia, a santidade e a necessidade de salvação para a vida de todo ser humano e isso sim é a vitória verdadeira. Todo e qualquer outro modelo de vitória trata-se de um assunto periférico. Vamos então à análise desta canção:

A música inicia-se fazendo considerações baseadas, especialmente, em Salmos 30:5.

"Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã".
A respeito disso nenhuma crítica poderia expressar, pois se trata de uma verdade bíblica que deve ser ensinada continuamente.

Porém, como de costume, não analisarei a canção frase a frase, antes a considerarei como um todo e, dessa forma, as verdades expressas em seu contexto geral. É exatamente ai que se iniciam os problemas.

O tema central, obviamente, é a vitória daquele que é fiel, isto fica bem claro durante toda a canção. Apesar de vitória não ser a ênfase do Evangelho, não posso questionar o fato de ela existir, entretanto é essencial entendermos que ela não pode invalidar outras verdades bíblicas, outros conceitos cristãos e é exatamente isto que acontece, senão vejamos:

Quem te vê há de falar Ele é mesmo escolhido

Vão dizer que você nasceu pra vencer, que já sabiam porque você tinha mesmo cara de vencedor

Vai estar entre a platéia e você no palco

A começar da segunda estrofe, inicia-se um processo de exaltação do ser humano, como se ele possuísse algum mérito em tudo que faz. Estas passagens são chaves para a introdução desta doutrina disfarçada de piedade, pois, em especial esta última frase, demonstra algo totalmente desfocada daquilo que o Evangelho espera dos filhos de Deus.

A figuração entre platéia e palco não significa outra coisa que não seja exaltação ao homem. Além disso é possível perceber uma certa inclinação para a proposta que grosseiramente chamarei de “esfregar na cara”, que acontece justamente no contexto imediatamente anterior da frase em questão:

Quem te viu passar na prova e não te ajudou, quando ver você na benção vão se arrepender

Em contraposição, a bíblia ensina que:

Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”. (Gl 1:10)

Sinceramente não vejo propósito algum nesta afirmação, pois Deus não nos livra das provações para que outros vejam e sintam-se envergonhados, mas porque o propósito dEle já foi alcançado. Não existe a necessidade de provar ou de “esfregar na cara” dos irmãos as nossas vitórias. Quanto aos conceitos que me referi anteriormente, de exaltação do ser humano, a ponto de ser mencionado na letra desta música a relação platéia e palco, vejamos o que a bíblia diz:

Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva”. (Mc 10:43)

É necessário que ele cresça e que eu diminua”. (Jo 3:30)

Como podemos perceber, não é exatamente num palco, para ser aplaudido pelos irmãos, que Jesus espera nos colocar, antes é na posição de servos uns dos outros. A relação divina correta é: quanto mais humilde, maior no Reino de Deus, quanto mais exaltado pelos homens, menor no Reino de Deus. Ora, o próprio Jesus homem afirma ser necessário se humilhar, ser o menor de todos, para que nEle, Deus cresça.

Creio não ser necessário análises adicionais, pois o contexto desta canção está bem claro.

Deus abençoe a todos e nos ensine a nos esvaziar de nós mesmos...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Música: Última Chance (Ministério Ipiranga)

*Pedido de Junior Melo (Via Blog)

Letra:

Uma chance igual a essa
Talvez eu não tenha mais
Quero estar em Tua presença,
Nem que seja a última vez
Se tiver que gritar, eu gritarei
Se tiver que chorar, eu chorarei
Se tiver que humilhar o meu espírito
Assim o farei, me dá mais uma chance

Eu quero nascer do Teu Espírito
Eu quero matar a minha carne
Fazer Tua vontade, doce Espírito
Que a minha vida seja Tua vida,
Jesus...


Análise:

Se esta música se resumisse apenas ao refrão seria, com certeza, uma das mais belas compostas por esta geração. E falo isso de forma geral, pois tanto a melodia, quanto a harmonia e a letra desta seção são excelentes.

Tudo o que a Igreja precisa pode ser resumida com estas frases. Precisamos nascer de Deus (João 1:13), mortificar nossa carne negando a nós mesmos (Romanos 8:13 e Mateus 16:24), fazer a vontade de Deus (Mateus 7:21) e sermos seus servos (Romanos 6:22), pertencentes a Cristo (I Pedro 2:9). Tudo aqui é perfeito, mas infelizmente ela não se limita apenas ao refrão.

Mesmo acreditando que a intenção do compositor não foi apresentar um Cristo diferente daquele revelado na Escrituras, a primeira parte da canção comete este grave erro.

Deus nos ama independentemente de qualquer coisa que façamos. Ele nos ama ao ponto de entregar seu filho  Unigênito ao sofrimento e à morte de cruz, para que pudéssemos ser salvos e, para que isso aconteça, temos não apenas uma ou duas, mas todas as chances que precisarmos, pois o amor de Deus não encontra barreiras ou impedimentos para ser derramado sobre nós, assim como o seu perdão.

Não existe última vez quando a questão envolve o amor e o perdão de Deus. E para ser alcançado por Ele eu não preciso fazer nada, pois é através da graça dEle que recebo todas as chances necessárias. Sem gritos ou choros, apenas arrependimento. Isso é suficiente ao homem. É muito estranho falar em chances para minha vida com Deus, principalmente a “última chance”.

O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se”. (II Pedro 3:9)
Em face de minha decisão de ser ortodoxo em minhas análises, sou obrigado a reprovar esta canção, mas reafirmo, praticando o ensino de Paulo quanto à retenção das coisas boas que nos cercam (I Tessalonicenses 5:21), que este refrão é o que falta na maioria de nossas canções e pregações e suas afirmações devem ser tomadas como padrão para nossas vidas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Música: Deus de Promessas (Toque no Altar)


Letra:

Sei que os Teus olhos
Sempre atentos permanecem em mim
E os Teus ouvidos
Estão sensíveis para ouvir meu clamor
Posso até chorar...
Mas a alegria vem de manhã
És Deus de perto e não de longe
Nunca mudastes, Tu és fiel

Deus de aliança, Deus de promessas
Deus que não é homem pra mentir
Tudo pode passar, tudo pode mudar
Mas Tua palavra vai se cumprir

Posso enfrentar o que for
Eu sei quem luta por mim
Seus planos não podem ser frustados
Minha esperança está
Nas mãos do grande Eu sou
Meus olhos vão ver o impossível
Acontecer...


Análise:

À primeira vista, esta música nos parece especial. Linda melodia, várias frases com teor bíblico, mas tudo para por ai.

Numa análise um pouquinho mais densa da letra podemos perceber claramente, mais uma vez, o egocentrismo presente em seu contexto geral. Tudo aqui gira em torno de supostas promessas que devem se cumprir em minha vida, abandonando novamente a adoração em favor da conquista pessoal.

O problema nesse tipo de música não está relacionado no fato de Deus nos abençoar ou não, mas na ênfase no “eu”, no “meu”, quando nosso destaque deveria ser somente Cristo.

Em favor desse egocentrismo, a canção parafraseia alguns textos bíblicos (fora de contexto) e lança algumas falácias comuns no meio gospel com a aparente intenção de agradar o ouvinte (quem não gostaria de ouvir “meus olhos vão ver o impossível acontecer”?).

O intento de falar coisas agradáveis é tamanho que o autor resolve afirmar fatos inverídicos, em desarmonia com o que o próprio Deus outrora havia dito. Considere a frase:

“És Deus de perto e não de longe”
Analise-a de acordo com o seguinte texto bíblico:
“Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe”? (Jeremias 23.23)
Concorda que ambos estão em desacordo? Note este outro texto bíblico:

"Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito." (Isaias 57:15)

Isaías nos esclarece este conceito. Deus habita no Reino dos céus, mas também no coração do homem sincero em amá-lo. É Deus de perto, o Deus conosco, Emanuel, e é Deus de longe também, o Criador, Rei dos reis, sobre quem repousa toda a Glória, Honra e Poder.

Repito o que afirmei em outras oportunidades: precisamos de músicas, pregações e de uma vida inteira direcionada pela Palavra de Deus e em total harmonia com ela, o que estiver fora disso deve ser lançado fora.


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Música: Mais que Vencedor (Diante do Trono)


Letra:

Em Jesus sou mais que vencedor
Em Jesus sou mais que vencedor
Em Jesus sou mais que vencedor
Em Jesus sou mais que vencedor

Você pensa que vai me fazer tropeçar?
Você pensa que vai me fazer cair?
Você não se cansa de me tentar
Mas eu não me canso de te resistir
Você quer saber quem vai vencer?
Te digo: Maior é o que esta em mim
Bem maior é o que esta em mim

Eu me cansei, sim, de você
Eu me cansei de acreditar em suas mentiras
Não sou mais seu escravo e agora em mim habita
O Espírito de vida que me faz vencer

Em Jesus sou mais que vencedor
Em Jesus sou mais que vencedor
Em Jesus sou mais que vencedor
Em Jesus sou mais que vencedor

Você pensa que vai me fazer parar?
Você pensa que vai me fazer desistir?
Você não se cansa de me afrontar
Mas eu não me canso de te resistir
Você quer saber quem vai vencer?
Te digo: "Maior é o que esta em mim"
Bem maior é o que esta em mim

Quem vai retroceder é você
Mas eu vou avançar e chegar ao fim
Coroa de vitória é o que vou receber
E no lago de fogo você vai arder


Análise:

Dividirei a análise desta música em três pontos que observei e considerei relevantes.

O primeiro deles é relacionado ao refrão e ao contexto em que ele se apresenta. Como na maioria das vezes, infelizmente, a frase “Em Jesus sou mais que vencedor” encontra-se fora de seu contexto original e, conseqüentemente, deturpada. Vejamos:

Quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas ESTAS coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou”. (Romanos 8:35-37)
O texto não diz que, se estamos em Cristo, venceremos todas as coisas, que não passaremos por sofrimentos ou derrotas, antes ele diz que, num sentido mais completo, mesmo que morramos (maior derrota terrena), se estivermos em Cristo, seremos vencedores, justamente porque a nossa vitória verdadeira é habitar com Ele ao receber a coroa da vida pela nossa fidelidade (Apocalipse 02:10). Mais ainda, o texto diz que sofreremos por amor de Cristo, seremos entregues à morte, como aconteceu de fato com vários cristãos durante toda a história, mas que no fim venceremos a morte e viveremos, porque esse sofrimento terreno não pode nos separar do amor de Cristo. Leia todo o capítulo para mais esclarecimentos.

O segundo refere-se às estrofes da canção, que citam verdades bíblicas. Frases como “Maior é o que esta em mim”, “Não sou mais seu escravo e agora em mim habita O Espírito de vida”, “E no lago de fogo você vai arder” encontram bases bíblicas genuínas (ex: I João 04:4; II Coríntios 03:17 e Apocalipse 20:10 respectivamente). Palavras de fé (se for esta a intenção) como “Mas eu não me canso de te resistir” têm lá o seu valor também.

O terceiro ponto trata-se justamente dessa mistura de parafrases bíblicas com frases que denotam um relacionamento anterior, e quebrado, com satanás. As frases “Você não se cansa de me tentar, mas eu não me canso de te resistir” e “Eu me cansei, sim, de você, eu me cansei de acreditar em suas mentiras” parecem a conclusão litigiosa de um relacionamento amoroso, o que, apesar de eu entender que não foi a intenção, traz um clima esquisito para a canção. A própria interpretação teatral da música demonstra um pouco esse clima.

Enfim, não me parece ser o tipo de música que ouviriamos os Apóstolos (os originais) entoarem em suas reuniões nos lares ou nos templos, e penso eu que eles eram imitadores de Cristo como nós devemos ser. Não custa reafirmar que Cristo não nos chamou para nos entreter e, portanto, a música também não deve possuir esse fim.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Música: Uma nova história (Fernandinho)


Letra:

Sai de tua tenda
Oh filho meu, e te mostrarei as estrelas do céu
Sai da tua tenda
Oh filho meu, e te mostrarei a areia do mar

Será que podes contar
Será que podes imaginar
Tudo aquilo que sonhei para ti filho meu
O que minhas mãos fizeram para ti filho meu
Minha benção será sobre ti

Uma nova história Deus tem pra mim
Um novo tempo Deus tem pra mim
Tudo aquilo que perdido foi
Ouvirei de sua boca: "Te abençoarei!"

Análise:

Esta música mostra bem o padrão de cristianismo que vivemos hoje, centralizado no ser humano (antropocentrismo) ou, como neste caso, em mim mesmo (egocentrismo). Há tempos abandonamos o verdadeiro louvor por músicas que exaltam a nós mesmos, que nos “concedem” bençãos, sucesso, viradas, ziguezagueios e tudo o mais que possa nos parecer proveitoso.

Apesar de não encontrarmos nenhuma frase claramente extrabíblica, o próprio conceito da música não encontra bases na Palavra de Deus. Notem por exemplo o refrão, onde o sujeito determina bençãos a si mesmo, fato sem recorrência bíblica. 
Ninguém busque o proveito próprio, antes cada um o de outrem.” (I Coríntios 10:24)
Sim, Deus nos abençoa, transforma nossa vida, muda nossa história, mas uma canção que afirma isso (desconsiderando aqui o refrão que auto-afirma a benção) deve também fazer uma relação poetica com os requisitos para que essa realidade aconteça, que é entregar-se a Cristo para servi-lo em amor e santidade.

Meu pensamento é que, se temos a pretenção de que nossas canções transformem vidas, elas devem conter as Boas Novas de Cristo, pois é sua Palavra que transforma, não a nossa, não nossos determinismos vazios, e a fé é antes de tudo racional, não emocional. Não basta tocar nas emoções, pois isso toda expressão artistica o faz, alias, este é um dos conceitos atribuídos à arte. Nossas músicas precisam tocar a alma, e isso só é possível com a Palavra de Cristo.

Entenda isso, o fato de uma canção te emocionar ao ponto de te fazer chorar não significa nada, várias pessoas sentem o mesmo observando uma tela de pintura. O importante é ser transformado e, se tuas lágrimas não te levarem a isso, estarão sendo derramadas em vão, pois não serão reflexo da Obra de Cristo, mas dos homens.

Em suma, a reprovação aqui não vai para a letra em si, mas para o conceito geral da canção, afinal, não devemos ser tão amantes de si mesmos. 
Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses.” (II Timóteo 3:1-5)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Música: Restitui (Toque No Altar)

Letra:

Os planos que foram embora
O sonho que se perdeu
O que era festa e agora
É luto do que já morreu
Não podes pensar que este é o teu fim
Não é o que Deus planejou
Levante-se do chão!
Erga um clamor!

Restitui!
Eu quero de volta o que é meu
Sara-me!
E põe teu azeite em minha dor
Restitui!
E leva-me às águas tranqüilas
Lava-me!
E refrigera minha alma
Restitui!..

E o tempo que roubado foi
Não poderá se comparar
A tudo aquilo que o Senhor
Tem preparado ao que clamar
Creia porque o poder de um clamor
Pode ressuscitar!...


Análise:

Está musica é um verdadeiro clássico contemporâneo. Todos a conhecem, todos a cantam, todos choram ordenando a Deus que restitua o que nos pertence.

A música se divide claramente em duas partes: a primeira contempla as duas estrofes e, semelhantemente ao que ocorre com Jó, algum amigo busca confortar, com conselhos e soluções, um determinado irmão que aparentemente passou por perdas.

A segunda parte trata-se do refrão, onde o irmão aconselhado ergue um clamor, segundo o que seu amigo aconselhou. É ai que reside a confusão maior.

No refrão encontramos palavras absolutamente anátemas. O primeiro verso diz: “Restitui! Eu quero de volta o que é meu”. Que absurdo! Como um servo pode se dirigir a Deus dessa forma? Não é bem isso que o Evangelho nos ensina:

assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei; como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. O qual nos dias da sua carne, tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas, orações e SÚPLICAS ao que podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua REVERÊNCIA, ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu”. (Hebreus 5:5-7)
Percebem o que de fato é um clamor? Bem diferente do “clamor erguido” desta música delirante. Que tipo de reverência possui alguém que exige de Deus a restituição do que, por conta própria, acha que tem direito? E, mesmo que tivéssemos algum direito, seria com exigências a Deus que os conquistaríamos?

"Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão". (Romanos 9:15)
Não vejo necessidade de análises adicionais para uma canção absolutamente apócrifa como esta, um clássico do movimento gospel brasileiro e que reflete muito bem a situação de desapego à Palavra de Deus que esta geração tem sofrido.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Música: Lembra Senhor (Trazendo a Arca)


Letra:

Quando não posso te ouvir
E o meu clamor
Já não muda o teu silêncio
São nuvens que escondem o sol
E tornam o dia tão escuro quanto a noite
Então lembro que não podes me esquecer
Se o meu nome está gravado em tuas mãos
Mesmo que ainda eu não consiga ver
Sei que se levantarás em meu favor

Lembra senhor,
Juraste o teu amor
E nada pode mudar o que sentes por mim
Nem os meus pecados
Lembra senhor,
E faz mais uma vez os teus sinais
E saberão que ainda és o mesmo Deus

Que revelou a sua glória a Israel
E que por amor abriu o mar parou o sol
Sei que farás o mesmo em meu favor.


Análise:

A começar pelo título, essa música me soa meio estranha. Como assim, “lembra Senhor”? Deus sofre de amnésia por acaso? Claro, eu entendo que esta não deveria ser a intenção do compositor, mas não custa nada avaliar a letra depois de pronta, para verificar se alguma coisa fugiu da realidade, uma vez que não se trata de uma poesia cristã, mas de um conjunto de declarações melódicas.

No decorrer da canção encontramos diversas afirmações verdadeiras como “lembro que não podes me esquecer”, “nada pode mudar o que sentes por mim”, conforme lemos em:

Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor se esqueceu de mim. Pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim”. (Isaias 49:14-16)

Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. (Romanos 8:38-39)
Entretanto, é fácil perceber a inclinação antropocêntrica da música, onde até sinais são pedidos para Deus, a fim de provar ao homem o Seu poder, esquecendo completamente das palavras de Cristo quando diz:

Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas”. (Mateus 12: 39)
A ressurreição de Cristo é o único sinal necessário para sabermos que Jesus é Deus e que tem todo o poder. Leia o contexto desta passagem acima para confirmar o que digo.

Em tempo, afirmar que Deus fará por mim o mesmo que fez por Israel é um tanto perigoso, pois nem sempre as coisas acontecem como esperamos:

Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia”. (Romanos 9:15:16)
Por fim, acabo percebendo boas intenções (estou falando de percepção, não de convicção) no contexto geral da letra, porém, decidi fazer análises ortodoxas quando à Palavra de Deus, o que me obriga a avalia-la negativamente.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Música: Compromisso (Regis Danese)

Letra:

Eu sei que se eu te obedecer
E se Tua voz eu ouvir,
E seus mandamentos guardar, serei

Bendito por onde eu passar
As suas bênçãos vou receber
O Teu favor vai me alcançar, eu sei

Pois eu confio nas promessas
Que Tu tens pra mim
Eu faço compromisso
De ser fiel a Ti, até o fim

Enche-me com Teu espírito
Derrama em mim a Tua unção
Eu vou fazer Tua vontade
Andar na Tua direção


Análise:

Analisando friamente a letra desta música, encontro, no geral, conformidade com a Palavra de Deus.

Se formos obedientes e guardarmos os mandamentos de Deus seremos de fato benditos por onde passar, receberemos as bençãos de Deus e teremos o favor dEle ao nosso lado. Vale, porém, ressaltar que isso não significa que conquistaremos riquezas e vitórias sem fim, pois as benção de Deus não se resumem nisso, antes refletem os dons e frutos espirituais e, infinitamente mais valioso do que qualquer coisa terrena, a vida eterna:

que retribuirá a cada um segundo as suas obras; a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, e honra e incorrupção”. (Romanos 2:6-7)
Notem que a promessa não é de riquezas sem fim, mas de vida eterna.

O refrão traz um pedido interessante, proveitosa e plenamente embasada bíblicamente:

enche-me com o Teu Espírito

E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus”. (Atos 4:31)
Muito importante também o que declara:

Eu vou fazer Tua vontade, Andar na Tua direção

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. (Mateus 7:21)
Ora, fazer a vontade de Deus é de fato o que nos fará entrar em seu Reino, ter o seu favor, ser bendito.

Entretanto, algo muito perigoso encontra-se contextualizado por toda a composição, especialmente na terceira estrofe. Ali, claramente percebemos a verdadeira intenção de se fazer um compromisso de fidelidade a Deus: as bençãos e promessas que podemos alcançar com isso. Vejam:

Pois eu confio nas promessas, Que Tu tens pra mim

Incrível a nossa capacitade de desvirtuar a mensagem do Evangelho. Devemos servir a Deus por amor, não por seus benefícios. O amor é o fim de todas as coisas e o objetivo de todo o Evangelho.

E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”. (1 Coríntios 13:3)

Todas as vossas obras sejam feitas em amor”. (1 Coríntios 16:14)

Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor”. (Gálatas 5:6)
Tudo o que fazemos para Deus, só tem valor se for feito por amor, não por privilégios. Até mesmo a nossa fé, só tem validade, quando operada pelo amor, não por esperança.

Estamos sempre atentos para encontrar mensagens subliminares em todo tipo de utensílio doméstico, marca de produtos e letras de músicas seculares. Porém temos grande dificuldade de perceber quando elas aparecem em nossas próprias músicas.

Gostaria de finalizar com o seguinte texto:

Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima”. (1 Coríntios 15:19)
Este versículo é facilmente interpretado por: se nossa esperança em Cristo for por causa de seus benefícios terrenos, somos os mais miseráveis de todos os seres humanos. Ou será que estou enganado nesta interpretação?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Música: Ziguezagueando (Kleber Lucas)

*Pedido de Davilson Cunha (via MSN)

Letra:

Existe tanta coisa que o meu Senhor quer me mostrar
Existem tantos sonhos que o meu Senhor quer me fazer sonhar
Eu quero ir no céu e voltar
Eu quero ver os anjos de Deus ziguezagueando, ziguezagueando
Eu quero ser arrebatado
Eu quero ver mais longe
Eu quero estar mais perto
Eu quero ver a tua Shekinah

Eu vou ziguezagueando, eu vou
Ziguezagueando eu vou
Eu vou, eu vou, eu vou....


Análise:

Quando recebi o pedido para analisar essa música fiquei preocupado. Como fazer uma análise de uma música cristã chamada “ziguezagueando” sem cometer parcialidade fazendo piada? Pois algo assim só pode ser comédia.

Esta música é uma clara demonstração do que acontece na “gospelândia”, muita pirueta doutrinária e pouca Palavra de Deus. “Eu quero ver os anjos de Deus ziguezagueando”. Como assim?

Bom, se você quiser ir ao céu e voltar tudo bem, mas eu quero ir e ficar, eternamente. Tudo nesta música é um absurdo completo e não encontra quaisquer bases bíblicas para suas afirmações. Do que se trata a expressão “ziguezagueando eu vou, eu vou, eu vou, eu vou? Que Deus é esse que estamos anunciando com nossas músicas? Eu desconheço esse deus, Ele não está descrito em nenhum momento da história Bíblica, salvo é claro se estivermos falando de Baal:

Como dizes logo: Não estou contaminada nem andei após Baal? Vê o teu caminho no vale, conhece o que fizeste; dromedária ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos” (Jeremias 2:23)

Quem “ziguezagueia” são os seguidores de Baal, comparados aqui a dromedários que andam torcendo o caminho, em outras palavras, ziguezagueando.

Ai dos que se levantam cedo para correrem atrás da bebida forte e continuam até a noite, até que o vinho os esquente! Têm harpas e alaúdes, tamboris e pífanos, e vinho nos seus banquetes; porém não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das mãos dele. Portanto o meu povo é levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres estão morrendo de fome, e a sua multidão está seca de sede”. (Isaias 5:11-13)

Esta composição reflete justamente o destacado no texto acima. Temos nos preocupado com festa, pulos e gritos, negligenciando o que de falto deve ser feito: a obra de Deus. A conseqüência disso? Fome e sede de Cristo, embora estejamos embriagados de emoções acreditando ser outra coisa.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Música: Eu vou viver uma virada (Toque no altar)

Letra:

Onde era tristeza se verá
A dupla honra me ornar
Com boas novas proclamar-lhe
Uma nova história celebrar
É chegada a minha hora
Meu silêncio já acabou
Ouça o som da minha grande festa

Eu vou Viver uma virada
Em minha vida, eu creio
Eu vou viver uma virada

O que eu achava estar perdido
E tinha desistido de sonhar
Meu Deus já decretou este é o meu dia
Minha virada festejar


Análise:

O antropocentrismo que tem contaminado nossas congregações está claramente prensente nesta composição. Aqui o ser humano está de fato no “centro das atenções”. Poucas vezes uma música escrita em primeira pessoa consegue fugir desta armadilha.

Tudo aqui se refere a conquistas e vitórias pessoais e em nenhum momento Deus é exaltado, adorado. Choca-me o fato de ser uma música bastante tocada nos periodos de louvor e adoração dos cultos, uma vez que neste momento devemos nos colocar em posição de escravos, servos e filhos que reconhecem que não são e não podem nada diante de um Deus soberano.

Claro que o entendimento correto a respeito de adoração não é que ela acontece quando entoamos uma canção, e sim quando nosso coração está de fato submisso a Deus e entregue ao seu grande amor, porém mesmo nossas expressões de louvor (como é o caso das canções) devem ser condicionadas a estes princípios, o que não acontece neste caso.

O versículo que mais se encaixa quando o assunto é antropocentrismo é o seguinte:

“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.” (Mateus 16:24)
Sinceramente, não é negar a si mesmo que esta música nos ensina e portanto não me alongarei na análise da mesma.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Música: Reinar em vida (Toque no altar)

Letra:

Milagres escondidos
Descobri
Sucesso em pleno vale
Eu prevaleci
Quando não se esperava
O Senhor me ergueu
Quem não acreditava
Ouvirá o meu louvor
Eu só preciso acreditar
Chegou minha vez de celebrar

Reinar em vida eu vou

Eu verei a minha casa
Festejando o melhor!


Análise:

Podemos perceber claramente nesta a música a ênfase nas conquistas pessoais e seculares (não necessariamente num sentido mundano, mas terreno), isso fica claro na frase “sucesso em pleno vale, eu prevaleci”. Isto foge totalmente ao contexto bíblico que afirma que nossa esperança não deve ser para esta terra, mas em Cristo, para um tempo vindouro:

Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima”. (I Coríntios 15:19)
O problema na música, neste caso, não é a afirmação de sucesso, mas a proeminência destes conceitos, em detrimento de uma vida de negação pessoal:

E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me”. (Marcos 8:34)
Não tenho muito o que falar teologicamente dos tais “milagres escondidos” pois isto não possui qualquer relação com aquilo que a Palavra de Deus revela sobre milagres, em outras palavras, é uma afirmação extra bíblica.

Sobre a frase “eu só preciso acreditar”, ora, acreditar em que? Em quem? Desde quando basta acreditar em algo para que aconteça? Tudo está nas mãos de Cristo e dependemos dEle para realizar qualquer coisa.

Quanto ao refrão “Reinar em vida eu vou”, apenas dois textos bíblicos para torná-lo anátema:

Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”. (Mateus 4:8-9)
Eis acima quem oferece reinos terrenos ao homem.

Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo”. (Romanos 5:17)
Acredito que o texto acima foi usado como base para tal refrão. Porém é fácil perceber o tamanho da distorção de significado que o contexto da música apresenta. Nas palavras de Paulo, “reinar em vida” significar ter direito à vida, por meio de Cristo, em oposição à morte conseqüente do pecado original de Adão. Entretanto não é isso que a música nos apresenta, antes ela afirma que reinaremos, que possuiremos autoridade de reis nesta terra, facilmente refutado pelo texto e contexto bíblico geral.

Em suma, esta música apresenta em sua essência aquilo que já estamos (infelizmente) acostumados a ouvir a respeito de prosperidade financeira e/ou social, afinal de contas, quem não gostaria de, ao invés de ser servo, se tornar um rei? Porém é exatamente isso que Jesus quer de nós, que sejamos servos, humildes, os menores dentre os homens:

Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”. (Marcos 10:42-45)
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