Letra:
Sai de tua tenda
Oh filho meu, e te mostrarei as estrelas do céu
Sai da tua tenda
Oh filho meu, e te mostrarei a areia do mar
Será que podes contar
Será que podes imaginar
Tudo aquilo que sonhei para ti filho meu
O que minhas mãos fizeram para ti filho meu
Minha benção será sobre ti
Uma nova história Deus tem pra mim
Um novo tempo Deus tem pra mim
Tudo aquilo que perdido foi
Ouvirei de sua boca: "Te abençoarei!"
Análise:
Esta música mostra bem o padrão de cristianismo que vivemos hoje, centralizado no ser humano (antropocentrismo) ou, como neste caso, em mim mesmo (egocentrismo). Há tempos abandonamos o verdadeiro louvor por músicas que exaltam a nós mesmos, que nos “concedem” bençãos, sucesso, viradas, ziguezagueios e tudo o mais que possa nos parecer proveitoso.
Apesar de não encontrarmos nenhuma frase claramente extrabíblica, o próprio conceito da música não encontra bases na Palavra de Deus. Notem por exemplo o refrão, onde o sujeito determina bençãos a si mesmo, fato sem recorrência bíblica.
“Ninguém busque o proveito próprio, antes cada um o de outrem.” (I Coríntios 10:24)
Sim, Deus nos abençoa, transforma nossa vida, muda nossa história, mas uma canção que afirma isso (desconsiderando aqui o refrão que auto-afirma a benção) deve também fazer uma relação poetica com os requisitos para que essa realidade aconteça, que é entregar-se a Cristo para servi-lo em amor e santidade.
Meu pensamento é que, se temos a pretenção de que nossas canções transformem vidas, elas devem conter as Boas Novas de Cristo, pois é sua Palavra que transforma, não a nossa, não nossos determinismos vazios, e a fé é antes de tudo racional, não emocional. Não basta tocar nas emoções, pois isso toda expressão artistica o faz, alias, este é um dos conceitos atribuídos à
arte. Nossas músicas precisam tocar a alma, e isso só é possível com a Palavra de Cristo.
Entenda isso, o fato de uma canção te emocionar ao ponto de te fazer chorar não significa nada, várias pessoas sentem o mesmo observando uma tela de pintura. O importante é ser transformado e, se tuas lágrimas não te levarem a isso, estarão sendo derramadas em vão, pois não serão reflexo da Obra de Cristo, mas dos homens.
Em suma, a reprovação aqui não vai para a letra em si, mas para o conceito geral da canção, afinal, não devemos ser tão amantes de si mesmos.
“Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses.” (II Timóteo 3:1-5)